Este artigo serve para relembrar aqueles que sofreram com o muro, para quem viveu aquele momento e para as pessoas que não sabem do que estou falando e só conseguiram associar a queda do Muro de Berlim a um prejuízo material da cidade de Berlim e do seu vizinho. Vou explicar o que significa, de fato, a queda do Muro de Berlim!
Berlim era a capital da Alemanha até 1949 e voltou a ter esse posto em 3 de outubro de 1990. Para entender essas quatro décadas, é preciso olhar para o fim da II Guerra Mundial. Após a derrota alemã, o país foi dividido em quatro zonas de ocupação (EUA, Reino Unido, França e URSS). Mesmo localizada na área soviética, Berlim também foi repartida. A tranquilidade durou pouco: em 1948 ocorreu o Bloqueio de Berlim, quando a URSS cortou os acessos terrestres à Berlim Ocidental, obrigando os países ocidentais a criar uma “ponte aérea” para abastecimento. Isso acelerou a separação e marcou o início da Guerra Fria.
Naquele momento nasceram duas Alemanhas: a Ocidental, capitalista, e a Oriental, comunista. O primeiro efeito da divisão foi a migração de alemães para o lado capitalista. Depois de mais de 3 milhões de fugitivos do regime soviético, o Muro de Berlim começou a ser construído na madrugada de 13 de agosto de 1961 e ficou pronto em 1962, com cerca de 155 km de extensão total — 43 km cortando o centro de Berlim e o restante ao redor da cidade. Possuía 14 postos de controle, barreiras antiveículos e, em alguns trechos, armadilhas com minas, trincheiras e alarmes.
Mesmo depois do muro construído, muitos continuaram a fugir ou tentar. Segundo a Fundação do Muro de Berlim (Stiftung Berliner Mauer), nesse período cerca de 5 mil pessoas conseguiram escapar, aproximadamente 90 mil foram presas tentando e 140 perderam a vida, em sua maioria jovens entre 16 e 30 anos. Mas por qual motivo todos queriam fugir para o lado capitalista?
Aqueles jovens buscavam no capitalismo ocidental melhor qualidade de vida, direito à propriedade, empregos melhores, uma vasta oferta de bens de consumo e, principalmente, liberdade de expressão, fugindo da repressão política e da vigilância soviética. A queda do Muro de Berlim, em 9 de novembro de 1989, tornou-se um dos eventos mais simbólicos do século XX, representando não apenas o fim da separação física entre duas partes de uma mesma cidade, mas o colapso de um modelo político, econômico e ideológico baseado na repressão e na falta de liberdade.
Respondendo à nossa pergunta, poderíamos afirmar que a queda foi econômica, afinal a produtividade da Alemanha Ocidental era quatro vezes maior que a da Oriental. Poderíamos ainda demonstrar que o PIB per capita capitalista era 150% maior, ou até que a altura média da população masculina no lado capitalista ficou cerca de 4 cm maior em quatro décadas, devido à melhor alimentação. Mas a resposta que mais me agrada é:
A Alemanha Oriental foi um experimento autoritário fracassado, sustentado por propaganda, censura e força armada, incapaz de oferecer dignidade básica aos próprios cidadãos. O regime socialista prometia igualdade, mas entregou pobreza, escassez crônica, vigilância permanente e um Estado policial que tratava seu povo como inimigo. A Stasi espionava a vida privada de milhões, vizinhos delatavam vizinhos e qualquer crítica ao governo era punida. A economia planificada destruiu produtividade, inovação e liberdade: fábricas obsoletas, salários baixos, filas intermináveis por produtos básicos e um padrão de vida vergonhosamente inferior ao do lado ocidental, que prosperava com democracia e economia de mercado.
Agora, uma pergunta para finalizar: jovens, por qual motivo vocês defendem um modelo socialista?
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