O mercado de crédito de carbono no Brasil vive um momento de transformação. Com a recente aprovação do projeto de lei que estabelece o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBCE), o país dá um passo importante rumo à consolidação de um mercado regulado. Esse avanço abre novas oportunidades para empresas e investidores que buscam alinhar suas estratégias de negócios com a sustentabilidade.
Em paralelo, a demanda por créditos de carbono tem se intensificado, impulsionada pela adoção de práticas ESG (ambiental, social e de governança) nos negócios. Esse movimento vem gerando impactos diretos nos setores de energia, transporte e agropecuária, que estão em processo de adaptação para reduzir suas emissões. Com a implementação de um mercado regulado, o Brasil se posiciona de maneira estratégica no cenário global, aproveitando sua biodiversidade e capacidade de desenvolver soluções baseadas na natureza.
Pedro Kraus, CEO da LuxCS, certificadora brasileira de carbono, ressalta que “o Brasil possui vantagens comparativas frente a outros países, com sua rica biodiversidade e a implementação de um sistema regulatório moderno e robusto. As perspectivas para 2025 indicam maior integridade de projetos, onde muitos proprietários de áreas de florestas iram retirar os seus planos da gaveta. O cenário que se mostra com a implantação da regulação do mercado de carbono é de maior segurança e conformidade, aliado a um conjunto robusto de regras. Vamos caminhar a passos largos para reduzir as emissões de gases do efeito estufa (G.E.E.) e aumentar a validação e a verificação de remoções de carbono da atmosfera”. Confira:
Brasil deve movimentar até US$ 50 bilhões - Com sua rica biodiversidade e grande capacidade de capturar carbono por meio das florestas e ecossistemas naturais, o Brasil irá se posicionar com destaque no mercado global de carbono. Com a responsabilidade de organizar a próxima COP 30, que ocorrerá em Belém, em 2025, o país será o epicentro das negociações climáticas internacionais, apontando a direção. Quantificando economicamente o que se adiciona a nossa economia a existência de um mercado regulado de carbono, o setor pode movimentar, de forma conservadora, cerca de US$ 50 bilhões até 2030. Esperam-se números positivos de crescimento 2025, impulsionados pela necessidade de empresas e países atingirem suas metas de redução de emissões.
Mercado voluntário em progressão - Atualmente, o Brasil está inserido principalmente no mercado voluntário de créditos de carbono, onde as empresas compram créditos para compensar suas emissões de maneira não obrigatória. No entanto, está em transição para um mercado regulado, o que trará maior estrutura e segurança aos investidores, criando uma demanda mais previsível e estável por créditos de carbono, como já ocorre na União Europeia, China, Coreia do Sul e Estados Unidos. A legislação recentemente aprovada pela Câmara e pelo Senado já traz inovações, como a interoperabilidade entre os mercados regulado e voluntário, permitindo a conversão de créditos, desde que a metodologia seja credenciada junto ao órgão gestor. Além disso, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) será a responsável pela regulamentação, aumentando a confiança na geração e comercialização de créditos. Essa abordagem, com elevado compliance, servirá como modelo para outros mercados ao redor do mundo.
Tecnologia como propulsora - A inovação tecnológica será um dos principais pilares do mercado de créditos de carbono no próximo ano, com soluções como blockchain e inteligência artificial (IA) desempenhando papéis essenciais. A blockchain garantirá a segurança e a transparência das transações, permitindo o rastreamento preciso dos créditos de carbono desde sua criação até seu uso final, reduzindo fraudes e aumentando a confiança dos investidores. A IA, por sua vez, otimizará a análise de dados ambientais e operacionais, identificando oportunidades de redução de emissões e melhorando a precisão das estimativas.
“Estamos apenas começando a explorar o potencial desse mercado. Com inovação, uma regulação sólida e o engajamento das empresas (sugestão: empresas e autoridades), o Brasil pode se tornar um modelo global no setor”, afirma o CEO da LuxCS.